Último fundador vivo, Álvaro Sampaio foi um Iatista convicto por mais de 64 anos, isso porque foi atuante para que a fundação oficial do Clube fosse possível. Presente na primeira regata do Iate, ele ainda foi responsável pela redação do estatuto, momento em que chegou a dizer, em fevereiro deste ano, que esse era o seu grande legado.
Apaixonado pelo Iate, o advogado de formação, que integrou a primeira turma de Direito do CEUB, esteve presente em momentos importantes da história de Brasília e, claro, do Iate. Foi ele quem fomentou a criação do Memorial, além de tantas outras ações que hoje são contadas por diretores, sócios e funcionários que conviveram com Sampaio.
Em julho, Sampaio veio a falecer aos 90 anos de idade. Em respeito ao último desejo do fundador, que gostaria de ter as cinzas lançadas no Lago Paranoá, a família, com apoio da Diretoria de Esportes Náuticos, preparou a cerimônia no último domingo (20), quando ocorreu a Taça Xangô, uma regata criada em homenagem a Álvaro Sampaio.
Representando o comodoro, o segundo vice-comodoro Gilson Luz participou da cerimônia e antes de embarcar em um dos barcos disponibilizados para o momento, disse: “É um reconhecimento que temos que fazer para uma pessoa que viveu intensamente o Clube. Eu acho que a história do Álvaro Sampaio se confunde com a do Iate Clube de Brasília”
Presente na cerimônia, Edison Garcia, presidente do Conselho Deliberativo, disse que “hoje é um dia de saudade em que relembramos os tempos que passamos aqui no Clube com o Sampaio. Um apaixonado pelo Iate que passou esses últimos 64 anos se dedicando ao Clube desde a fundação até julho, quando nos deixou. Sampaio era uma cabeça iluminada que sempre trazia ensinamentos, conceitos, princípios estatutários e sempre uma visão muito serena e tranquila sobre os princípios que devem nortear um clube como o Iate”.
O ex-comodoro também ressaltou que cabe aos Iatistas manter vivo o legado do último fundador.
O diretor dos Esportes Náuticos, Gustavo Raulino, em que o pai, George, foi amigo e velejou junto com Sampaio, estava emocionado e ressaltou que “é a homenagem justa a um fundador do Iate, que dedicou parte da vida para o esporte à vela e para o Iate Clube de Brasília, então, nada mais justo do que fazermos uma cerimônia bonita para nos despedirmos dele”.
Representando a família, Álvaro Sampaio Filho confirma a impressão de quem pode conviver com o progenitor dele no Clube. “O Iate foi o grande amor da vida do meu pai”. Ele ainda complementou: “Não existem palavras para definir quem foi o meu pai Álvaro Roberto de Araújo Sampaio. Eu me assusto com o tamanho do trabalho que ele deixou.”
O nome da Taça Xangô foi dado em razão da fé de Sampaio, como relata o filho. “Ele era filho de Xangô com Iemanjá e hoje estamos na beira das águas, que não vão ficar revoltas, elas vão aceitar. Ontem, as fortes chuvas representaram as lágrimas e, hoje, vem a bonança e agora podemos fazer uma homenagem merecedora para ele”.
Antes da cerimônia, Álvaro Filho, o único filho de Sampaio, reforçou que o grande amor da vida do pai foi o Iate. Logo depois, Edison Garcia falou brevemente e agradeceu ao fundador pela dedicação e pelo trabalho nos anos de vida que contribuíram para que o Iate se consolidasse como uma instituição social, esportiva e cultural da capital e referência para o país.