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A poética do canto lírico

Brasiliense, Sara Sarres tem orgulho de dizer que é filha do cerrado, filha da Universidade de Brasília e da escola de música da cidade. Em breve, a cantora e atriz irá completar 25 anos de carreira, mas pode-se dizer que a celebração começou um pouco mais cedo, com a realização do Iate in Concert.

Amiga da arte e da vida de Saulo Vasconcelos, reencontrar o cantor ‘em casa’ foi uma alegria, além de estar mais uma vez com a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro em um evento que celebra a boa música e a solidariedade.

A atriz e cantora, que mora atualmente em Quebec, no Canadá, com a família, veio ao Brasil, especialmente, para o “Iate in Concert”.

Antes do último ensaio para a nona edição do Iate in Concert, o Jornal do Iate conversou com a artista:
Jornal do Iate: Sara, você é sucesso, e quando se fala em teatro musical você é uma referência. Uma representante que nos orgulha. Como é estar escalada em um projeto que conta com nove edições e valoriza esse gênero, que escapa do grande público?

É, ainda é preciso fomentar um pouquinho. Mas no Brasil esse tipo de espetáculo, acho que tanto para clássico quanto para o teatro musical tem coisas lindas, para serem vistas e experienciadas.

Eu acompanhei toda a história do Iate in Concert, porque eu sou muito, muito fã da Orquestra do Teatro Nacional Claudio Santoro, onde eu comecei a minha carreira musical. Foi o meu primeiro cachê, eu até brinco com o maestro Claudio [Cohen], eu cantei no coro, fiz ópera, tocava percussão, enfim, passei ali por todas as expressões musicais. E estar hoje à frente desse espetáculo, trazendo um pouco da história, trazendo a minha vivência através das músicas que temos no repertório, e mostrar um pouquinho para a cidade o que é o teatro musical, o que a gente faz lá fora, me deixa muito feliz.

Qual a sensação de estar em casa?
Uma honra estar em Brasília, é a minha cidade natal. Para mim é onde tudo começou, eu sou realmente filha desse chão, desse cerrado, desse solo, então, eu comecei a minha vida na música na Escola de Música de Brasília. Fiz Música na Universidade de Brasília, então, voltar hoje, quase 25 anos depois que eu saí daqui pra buscar esse sonho, com o teatro musical como ópera, é uma realização muito grande.

Como foi o início da sua carreira, o que te levou para o universo dos musicais?

Tá aí uma pergunta curiosa: eu me lembro de que quando era ainda adolescente estudando na escola de música, entrei para o coro feminino de Brasília. É que era um coro muito performático na época. A gente fazia músicas do filme “Mudança de Hábito”

Acho que foi ali que descobrimos a existência do “Fantasma da Ópera”, eu era uma menina, estamos falando da década de 1990.

E eu acho que ali plantou uma sementinha de que eu queria trabalhar com voz. Eu já era meio apaixonada pela ópera, eu saía da escola, ia para a escola de música e ficava até 10h da noite. A gente ensaiava. Eu lembro de uma época que eu cantava em oito corais diferentes porque aqui em Brasília, não sei como é hoje, mas existia uma tradição muito forte de canto coral.

E como foi que a Sara conseguiu dar um salto para a carreira internacional?

Eu ganhei uma bolsa de estudos durante o curso de verão da Escola de Música e lá eu conheci uma professora que me deu uma bolsa de estudos para estudar ópera em Israel. Era de um curso do Metropolitan Opera House, que é uma das maiores casas de ópera do mundo. Ali, eu também tive contato com um professor de teatro musical. E eu ganhei uma bolsa para ir estudar nos Estados Unidos.

Então, sobre os contatos, realmente todos que me levaram para fora tanto para estudar quanto para aperfeiçoar a minha arte para a partir daí eu dar meu pontapé, foi tudo aqui em Brasília. Aqui foi onde tudo começou, onde todas as portas se abriram.

Qual o musical mais importante da sua carreira?

O primeiro, que foi o “Lés Miserables”, “Os Miseráveis”. Apesar do “Fantasma da Ópera” ter sido um grande divisor de águas para mim, por ser o musical mais importante desse segmento, é o “Lés Mis” que tem uma importância, um valor no meu coração muito grande, além de eu ser uma grande fã da obra. Foi o musical que me tirou de Brasília. Fiz o teste e passei para ser a Cosette, uma das protagonistas.

E as canções de “Os Miseráveis” estarão no repertório do Iate in Concert, então, será a oportunidade de resgatar esse sentimento, não é?

Eu estou muito emocionada, estou muito feliz de estar aqui.

Eu acho que é um é um ciclo que fecha, assim, de uma maneira muito linda. Agora estou com o meu pequeno [Gael], com os meus amigos, com minha família perto, então, estou muito feliz.

Como será dividir o palco com o Saulo Vasconcelos?

Nós somos amigos de infância, em todos os corais que falei, a gente cantava junto. Saulo me ensinou a dirigir. A gente trocava, eu dava aula de piano para ele e ele me dava aula de matemática.

Eu sou madrinha da filha dele. No palco serão só fogos de artifício.

Você canta para o Gael? Ele já tem uma música favorita?

Sabia que o espetáculo eu ensaiei todo para ele? Não sei se ele tem um favorito, ele ama “O Rei Leão”, mas ele ainda é muito pequenininho.

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