“Quarentena não é sinônimo de férias”, defende boa parte dos especialistas em educação. Mas, o momento causa grande ansiedade nos pais que se vêem imersos em um novo mundo de aulas online e com diversas dúvidas acerca do nível de cobrança com as crianças e o provável atraso no conteúdo. O mais importante é manter a calma e buscar a resiliência diariamente, já que com a família também trabalhando em casa, a nova rotina escolar pode virar uma bola de neve.
Para a psicopedagoga Gilcéa Vargas Zanette, a palavra-chave é equilíbrio. Segundo ela, é sempre importante ter alguma rotina, boa alimentação, horário de sono, estudo, lazer. “Penso que tem que ter o momento de estudo, de preferência no horário que seria da aula, só que isso não precisa ser tão engessado. As crianças cansam. Não é cobrar o filho como se fosse professor”, explicou.
O isolamento social também é momento de conexão familiar. É preciso mudar a perspectiva da perda do conteúdo de sala de aula para entender o que é possível ganhar com a convivência em casa. O que estamos vivendo hoje é uma situação única. Podermos trabalhar solidariedade, respeito, cuidado com o outro, conteúdos tão importantes neste momento, quanto os da escola. Confira dicas de especialistas para encontrar o equilíbrio quando o assunto são os estudos em casa no período da quarentena:
- Planeje-se: Combine com a criança a rotina para cada dia. Levar em consideração as preferências dos filhos é essencial. Planeje horário de acordar, lazer, hora do banho, refeições, etc. Deixe ela participar da organização do dia, isso traz mais responsabilidade e vontade de cumprir o combinado, incluindo as tarefas escolares.
- De olho na alfabetização: Aprender a ler e a escrever pode se tornar um desafio ainda maior com a falta das aulas durante a quarentena. Mas, é possível seguir na alfabetização em casa, de forma lúdica e sem cobranças. Puxe da memória suas próprias brincadeiras da infância, como soletrar, de procurar o que tem na sala que começa com uma determinada letra, caça ao tesouro com bilhetes, de supermercado colocando o nome e o preço dos mantimentos, entre outras.
- Explore os recursos online: Há muitas opções de qualidade, aplicativos didáticos, sites interativos e uma infinidade de ideias quando a criatividade chega ao limite. Pode ser um ótimo auxílio, principalmente para as mães que não contam com as tarefas enviadas pela escola.
- Mude o rumo: Você planejou uma brincadeira muito bacana com a criança, mas o pequeno estava desatento, ou não se interessou pela atividade proposta. Tudo bem, faz parte. Realinhe as expectativas e não se culpe.
- Além do óbvio: Fazer uma receita em família, ver um filme, discutir o enredo e por aí vai: ensino não se resume a exercícios no caderno. Mais uma dica: utilize os próprios interesses da criança para desenvolver as atividades.
- Faixas etárias: Quanto menor a criança, menos capacidade de tempo para fixar a atenção. Uma criança em fase de alfabetização, até uns 10 anos, poderia ficar uma hora, no máximo duas. Já os adolescentes, a partir dos 11 e 12 anos, pode-se ampliar um pouco a carga, ir para três horas, por aí. Mas sempre com a premissa que a quantidade não quer dizer nada, precisa de qualidade.
- Não se cobre: Com o home office, é difícil ter tempo livre para gerir trabalho, estudo dos filhos, almoço, banho, lazer, tudo no mesmo ambiente. É preciso se reinventar, mas sem pressão. O dia foi tão corrido que só conseguiram assistir a um filme em família? Tudo bem. Não se cobre tanto.
- Mantenha o diálogo: É tempo de se conectar ainda mais com os filhos. Converse abertamente sobre o que está acontecendo, buscando uma linguagem adequada a cada idade, para criar um ambiente mais seguro e acolhedor.
- Fique junto: Aproveite o isolamento para criar uma conexão, cumplicidade dentro de casa. Treine a empatia com as crianças, tentem se colocar no lugar de outras pessoas. Uma dica é explicar como você se sente. Façam planos, planejem o futuro, para quando tudo isso terminar, quando finalmente for superado.
Fonte: Gauchazh