Do cerrado não nascem apenas bandas de rock. Desse rico bioma surgem instrumentistas talentosos e, porque não, um tenor?
Saulo Vasconcelos é um filho de Brasília que, por conta dos compromissos de trabalho, se divide entre a capital, onde estão os seus amores, como ele diz, e São Paulo. Em 2024, o cantor, ator e dublador celebra 25 anos de carreira e como ele estava feliz quando entrou em cena para a nona edição do “Iate in Concert”!
Um dos motivos para tamanha felicidade estava na plateia, com a presença das filhas Amanda e Manuela.
Foi emocionante ver as duas segurando cartazes escrito “pai” e, ao final do espetáculo, ambas estavam orgulhosas de o ver pai em cena. As filhas e o público tiveram a oportunidade de assistir a um concerto
emocionante e vibrante.
Antes da realização da nona edição do Iate in Concert, o Jornal do Iate conversou com o cantor, ator e dublador Saulo Vasconcelos.
Jornal do Iate: Saulo, você tem um currículo impressionante: muitos musicais e outras atuações, como a dublagem do personagem Maui em Moana, que te levou para um outro público, não é mesmo?
Saulo Vasconcelos: É impressionante porque a minha especialidade é o teatro musical. Eu fiz teatro musical ininterruptamente de 1999 até 2015; terminava um e já começava os ensaios para o outro. Foram 16 anos ininterruptos, 25 anos de carreira no total que eu completo, inclusive celebrando com a orquestra.
Então o Iate in Concert marca um momento muito especial na sua carreira?
[Sobre a participação no Iate in Concert] No ano em que eu estou fazendo 25 anos de carreira, foi uma grande coincidência. E ainda em um Clube extremamente tradicional na cidade. Sempre tive vontade de ir ao Iate. Tudo por lá é lindo, a comida do restaurante é deliciosa, tudo é bom lá. Tinha mil quadras pra jogar, então eu gostava bastante de jogar tênis, futebol… Eu gostava bastante de ir lá. Por isso é muito simbólico, essa data… Tudo coincide.
Como foi o início de carreira em Brasília?
A gente fazia na cara e na coragem, em Brasília, produções escolares mesmo. Inclusive a Michelle Fiuza, que é sócia-criadora do Empório Cultural aqui em Brasília, que fica lá na Asa Norte, eu comecei com ela nos tempos áureos, onde quase não tinha nada.
Então ela estará lá com a gente, junto com a Orquestra [para o Iate in Concert]. Depois, estreou o grande primeiro musical já no teatro que, hoje, é o Teatro Renault, antigo Teatro Paramount. Eu dei sorte também, quase todos esses espetáculos são interessantes e eles me contemplaram. Tenho uma oportunidade no “Lés Miserables”? Fiz o teste e passei, aí, meu nome foi projetado.
Assim, você vai crescendo.
Quais são os desafios em ser um ator de musicais?
Eu faço teatro musical, mas como você citou, eu também trabalho com outras coisas. Você não pode fazer só aquilo, porque se vier um musical que não te comporta, por exemplo, eu preciso de um ator que seja um jovem revolucionário de 20 anos, vem escrito assim: ‘qual é o perfil do personagem que que te cabe?’
Aí você fala assim: ‘eu não tenho cara de 25 anos e já não tenho mais cara de jovem revolucionário’. Então para esse eu não vou ter uma oportunidade. Você não pode depender só de musical, então. Você acaba fazendo outras coisas. Eu dou aulas de teatro musical, escrevo peças, faço dublagens, e a grande dublagem que eu fiz que mais me projetou nacionalmente foi essa do Maui, em Moana, e estou escalado para o Moana 2.
Qual desses musicais te marcou mais?
Desse mundo complicado: primeiro ser muito agradecido, você tem que ser uma pessoa generosa, nada é feito sozinho. É uma coisa real sozinha. A gente não é nada, a gente é um ser coletivo e isso é número 1. Dois, a oportunidade de fazer esses grandes musicais; eu não sei te explicar, é como se eu te desse um livro em braille pra você ler, você não vai entender nada, mas, assim, a vivência que eu tive me dá um conhecimento tão vasto em tantas áreas, de canto, dança interpretação…
Qual é a música mais impactante da 9a edição do Iate in Concert?
Não sobrou uma música que não seja impactante. É impressionante, pegaram todas as grandes músicas que eu já fiz. Foi coincidência porque o maestro escolheu sozinho as músicas que ele achava que eram bacanas e aí ele contemplou todas as grandes músicas que eu já performei no palco. “Fantasma da Ópera”, “A Bela e a Fera”, “Mamma Mia”, “Noviça Rebelde”, um monte de musical famoso e eu canto quase todos eles. Inclusive, “O Rei Leão”, que eu não fiz, mas vou poder cantar porque é um grande espetáculo.
E como é com as suas filhas? Você também canta para elas?
Sim, elas já se apresentaram na escola e tudo.
Teremos futuras atrizes?
A mais velha. A mais nova é muito tímida, mas, a timidez também é treinável, ela pode ser superada. Ela é muito talentosa e muito afinada.
E você que faz parte desse mercado artístico, como é que você vê esse “Iate in Concert” para a valorização da cultura?
Acho fundamental o apoio de uma grande instituição como o Iate Clube de Brasília, uma instituição tradicional. Encontrar um projeto que contempla a cidade, que agrade o público que seja, porque, às vezes, a gente faz uma coisa muito rebuscada, maravilhosa, mas as pessoas não têm interesse. A combinação entre a instituição [Iate], arte, as pessoas queridas da orquestra e o público com ingressos acessíveis, eu gostei muito e está tudo muito aliado, e vai ser um sucesso.